terça-feira, 3 de maio de 2016

Lado A de MÃE

 
Há mais de cinco anos fui concedida ao maior dom que acredito que a mulher possa ter: tornei-me MÃE. Fui pega de surpresa, chorei, mas logo comemorei. Depois, tive outra surpresa. O meu primogênito tinha um sério problema cardíaco. Chorei de novo, mas logo voltei a comemorar, pois, para mim, nada nesta vida é em vão. Ele nasceu e chorei novamente pela maior emoção que já tinha vivido. Mas a comemoração sempre esteve presente, pois foi assim que o Davi me ensinou a dar mais leveza aos meus dias, durante o seu 1 ano e 18 dias de VIDA.

Na próxima fase da minha jornada, chorei muito durante dois anos de tentativas falhas para engravidar. Mas eu tentava me conformar com noites livres para farrear, sonos tranquilos e não interrompidos, viagens sem preocupações de enlouquecer, por conta de alimentação ou local bem estruturado para hospedagem.

E quando engravidei da Alice, chorei, é claro. Um choro de alegria que dava vontade de compartilhar com o mundo com um grito estridente. E no meio da mistura louca de felicidade, sensibilidade, medos e ansiedade, volta e meia aparecia algum machista (a maioria mulheres) para tentar me convencer que eu era incapaz de continuar a fazer o que eu já fazia antes, por eu estar carregando uma metamorfose em meu ventre.

A Alice nasceu e de repente o trabalho em casa se multiplicou, afinal, eu tinha que me adaptar ao ritmo da minha bebê e ainda dar assistência ao marido que nunca se lembrava de onde tinha largado qualquer coisa fora do seu devido lugar.   Eu tinha que separar as roupas de bebê para lavar e catar as peças masculinas espalhadas pela casa. E em épocas de doenças já precisei parar para avaliar qual dos dois “filhos” mereciam atendimento prioritário. Achei estranho quando percebi que esses problemas paralelos que já existiam antes da chegada da minha filha estavam me dando mais trabalho do que a nova rotina materna em si. Afinal, na gravidez, o que mais se escuta é "PREPARE-SE!", junto com o tsunami da onda do “lado B” da maternidade que surgiu nos últimos tempos.  Resumindo, filho dá trabalho, mas marido quase sempre dá mais.

Entre todos esses episódios, de vez em quando eu me lembro de que chorar não é sinônimo de fraqueza, como a sociedade impõe, e me permito fazer o que me faz bem: chorar por um bom filme, chorar por lembranças lindas, chorar por excessos de cobranças, chorar por simplesmente precisar.

A minha intenção aqui não foi tentar mostrar que a minha vida não é fácil, tentei representar a metáfora do estresse no copo d’água (conhece?). Talvez muitas mães tenham se identificado em alguma parte do que relatei ou quem sabe em tudo. O fato é que todas nós temos uma vida louca já agarrada ao nosso gênero. Então, o peso absoluto dos problemas não importa, depende de como cada uma dá importância a eles.

A maternidade é recheada de lado B, mas o A é tão gostoso! Por isso, temos um dia só nosso, para sentirmos como vale a pena viver todo o lado B que a vida nos propõe. É muito gratificante viver o A.

Desejo um dia das mães só no lado A para você, companheira!

FELIZ DIA DAS MÃES!