sexta-feira, 11 de novembro de 2016

2 DES: desfralde e desmame

 
Aos dois anos e dois meses, a Alice entrou em dois grandes processos de mudança de uma vez: o desfralde e o desmame. Pesado? Talvez. Mas, a coincidência não foi planejada.

Quem me conhece sabe que, por mim, ela continuaria com fralda até os 15 anos (rs...). Eu sempre tive PAVOR dessa fase de desfralde, sabia que precisaria de terapia focada nisso para me preparar. Mas, de repente partiu da Alice que chegou a hora. O que restou a mim foi aceitar.

Quanto ao desmame, sempre curti muito amamentar, mas o meu cansaço chegou. E como eu sempre digo, se os dois lados não estão curtindo, então, não vale a pena insistir.

Então, deixa-me te contar como tudo isso está acontecendo por aqui!

DESFRALDE


Você sabe o que são esfíncteres? São os músculos responsáveis pelo comendo das necessidades fisiológicas. As crianças começam a conseguir controlar entre 18 e 24 meses. Então, este pode ser o momento para iniciar o desfralde, mas cada um tem o seu ritmo.

Na primeira fase do desfralde, deve deixar a criança sem fralda, com calcinha ou cueca, apenas em casa. Quando ela começar a identificar as vontades, pode evoluir para os passeios sem fralda. O desfralde noturno é a última etapa, pode demorar. Uma dica para saber quando é o momento certo é observar como a fralda acorda. Se ainda estiver muito molhada, é melhor esperar um pouco mais. Mas sempre leve a criança ao banheiro antes de dormir para esvaziar a bexiga.

É normal ocorrerem escapes no começo. Então, certamente a criança fará xixi e cocô na calcinha ou cueca, mesmo depois de passar horas no vaso sem fazer nada. Nessa hora, respire fundo, PACIÊNCIA para agir da forma mais natural possível. Limpe mostrando que a ocorrência não é um problema, pois a tendência é que a criança fique constrangida e insegura por conta da escapada. 

A Alice começou num domingo. Eu dei uma saidinha e a deixei por algumas horas com a minha mãe. Quando eu cheguei, a minha “bebê” estava sentada no vaso. Ai, meu Deus! O meu coração acelerou!

A minha mãe me contou que ela tirou a roupa e foi ao banheiro, em direção ao vaso: quero fazer xixi! E lá ficou por horas, sem fazer nada, mas insistindo que queria.

Mesmo eu não estando preparada para este momento, eu não poderia desrespeitar a hora DELA. Então, eu já corri atrás de informações para eu me situar ao processo. Entre Google, dicas de amigas que já passaram por isso, metodologias pedagógicas e orientações médicas, eu adotei as metodologias das quais eu mais me identifiquei.

A pediatra da Alice fez uma lista de dicas para mim:

1)Paciência;
2)Compre redutor de assento de vaso e peniquinho (ela orientou ter os dois, mas eu preferi só o redutor);
3)Paciência;
4)Decore o redutor e o penico com o seu filho (a) com adesivos, por exemplo, mas ele sentir que os acessórios são dele (a);
5)Paciência;
6)Colocar um banquinho para servir de base para as perninhas quando estiver no vaso e também para subir quando for usar;
7)Paciência;
8)Sempre que a mamãe ou o papai for usar o banheiro, colocar a criança sentada no pinico para estimulá-la;
9)Paciência;
10)Perguntar sempre se ela quer fazer xixi ou cocô, pois ela ainda não conhece a tal “vontade”;
11)Paciência;
12)Procure as melhores formas para o seu filho (a) entender o que é a vontade de ir ao banheiro.
13)Paciência;
14)Orientar que ela não deve ficar pelada na frente de qualquer pessoa. Uma boa forma para começar as prevenções contra abuso sexual;
15)Paciência;
16)Se houver escape (no começo acontece muito), tratar com naturalidade para mostrar para a criança que não tem problema nenhum;
17)Paciência;
18)Não brigar jamais! Isso traumatiza, trava a criança e regride o processo;
19)Paciência;
20)Em caso de menina, ensinar a limpar de frente para trás;
21)Paciência;
22)Comemore quando a criança fizer xixi ou cocô no vaso;
23)Paciência;
24)Dê tchau ao cocô na hora de dar descarga;
25)Paciência.

Para as duas entrarem no processo juntas (a Alice e eu), usei um método que achei interessante usado em uma escola que visitei antes de saber que eu já estava na porta de entrada do desfralde. Marcar o momento com um presente.

Comprei um kit de calcinhas e embrulhei de presente. Marquei uma reunião na creche, com a participação da Alice, para alinhar tudo sobre o processo. A tia e eu explicamos à Alice sobre a nova fase que ela estava entrando. Então, falei: filha, você está virando uma mocinha! Por isso, a mamãe trouxe um presente para você.

Ela ficou tão feliz, pediu ajuda para abrir o presente em êxtase! E quando viu que eram calcinhas, pulou de alegria, queria voltar correndo para a sala, para mostrar o presente para as amiguinhas e para a tia Tainan (a amor da vida dela).

Nessa hora, todo o peso que eu construí no meu psicológico sobre o desfralde despencou. Pelo menos ali eu consegui curti. Fiquei emocionada!

Teve outro método que eu também achei interessante para dar início que é o do mascote. Usar um personagem que chame a atenção da criança para ela dar de presente a fralda. Essa metodologia é muito usual quando se tenta tirar chupeta ou mamadeira.

Uma alternativa divertida também pode ser levar a criança para escolher as peças íntimas para comprar. Além das calcinhas e cuecas convencionais, o mercado oferece as peças e treinamento, que seguram mais os escapes. No Brasil ainda são bem caras, mas no Aliexpress encontra kits mais em conta e de qualidade.

Há também uma infinidade de acessórios para entulhar o seu banheiro durante o desfralde. Redutores de vaso e penicos para todos os gostos e bolsos, escadinhas, banquinhos... Para meninos, tem mictórios e garrafinhas para fazer xixi quando estiverem na rua. 



Há livrinhos pedagógicos que também podem ajudar a criança a entender melhor sobre o processo de desfralde.


O processo pode ser fácil para uns, demorado para outros. Para mim, tem sido bem chato, isso sim (rs...)! Mas eu estou sem pressa, num ritmo bem tranquilo.

DESMAME


Um pouco antes de a Alice completar dois anos, eu percebi que ela diminuiu bastante as mamadas. Ela sempre teve uns horários coringas, como na saída da creche e na hora de dormir. Mas foi quando ela “se esqueceu” que precisava mamar antes de ir embora da escola, que me chamou a atenção de verdade. Confesso que o meu coração apertou. Acho que é mais fácil (ou menos difícil) quando a decisão de parar parte de você (mãe). "Rejeição” é uma definição muito forte para o que eu senti, mas foi mais ou menos isso.

O tempo foi passando e realmente eu fui cansando. Então, preferi aceitar que a minha missão mamífera estava chegando ao fim. Comecei o processo sutilmente, conversando com a Alice. Mas percebi que ela não queria aceitar a colocar um ponto final nas mamadas.

Então, aproveitei um fim de semana que a Alice passou com o pai (chocando a sociedade em 3,2,1... afinal, nem todos sabem que eu me divorciei, há muito tempo por sinal) para iniciar o processo de verdade.

Para o desmame, eu adotei o método do “peito dodói”. Comecei na última segunda-feira (7), colocando band-aid nos peitos para a Alice entender melhor. No primeiro dia, ela ficou meio confusa, mas logo respeitou o dodói da mamãe. No segundo, eu a senti mais carinhosa, toda hora ela me abraçava e me beijava e de repente ela beijou o meu peito e disse: sarou, mamãe! Quase morri nessa hora! Mas me mantive firme.

No terceiro dia, teve a primeira recaída. Ela ficou mais agressiva, me bateu sem motivo e estava emburrada. Conversei com ela calmamente e logo ela me pediu desculpas e melhorou o comportamento. No quarto dia, ela voltou com o carinho e, driblando uma vergonhinha fofa, ela falava meio constrangida: quero mamar, mamãe.

Já estou sem dar peito há sete dias. Estou achando o processo muito tranquilo. A única dificuldade que estou enfrentando é o horário de dormir da Alice. Como ela só dormia no peito, ela ainda está aprendendo a dormir sem. Com isso, ela perdeu o horário, nesta semana dormiu bem tarde, passou da 1h30. Mas a cada dia está progredindo um pouquinho.

Agora, estou aproveitando o processo para colocar a Alice para dormir como em comercial de margarina, lendo um livro (estou conseguindo ler de verdade e não apenas a primeira página como era antes, por causa da impaciência dela para ver o livro inteiro em três segundos), fazendo cafuné, cantando a música que ela escolhe e rezando para ela aprender a agradecer pelo o seu dia.

E no meio de tanto carinho que esta fase está aflorando ainda mais, ontem teve uma situação que merece ser registrada. A Alice me encheu de beijos, me deu um abraço apertado e disse: mamãe, eu te amo! De novo, eu quase morri e eu a enchi de beijos. Depois eu perguntei:

Eu – Filha, você sabe o que é amor?

Alice – Não sei.

Eu – É quando você gosta muito de uma pessoa, não quer parar de beijá-la, abraçá-la e não se cansa de vê-la.

Então, ela me agarrou de novo, me encheu de beijos e disse – Assim?

Claro que eu chorei, né?!

A minha filha não é mais um bebê...

E você tem alguma coisa para compartilhar sobre desfralde e desmame? Vamos trocar figurinhas!