terça-feira, 10 de julho de 2018

Da série: Descobertas da Alice

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Fim de tarde, hora de buscá-la na escola. Mas ela nunca quer ir embora! Faz questão de frisar que adora aquele lugar e ama mais ainda os amiguinhos. Tudo isso correndo, de um lado para o outro. E eu sempre tenho que ter uma estratégia para conseguir ganhar aquele beijo que me deixa ansiosa no decorrer de caminho que percorro até chegar ao colégio, depois de um dia inteiro longe dela. 

De repente ela me aborda com mais uma de suas descobertas: 

- Mamãe, olha! Quando eu fico cansada, o meu coração bate “tum-tum”, bem forte! Escuta!

E ela direciona o meu ouvido ao seu peito.

Nesse momento, um longa-metragem passou na minha mente. Primeiramente, o Davi. E como não associar qualquer coisa ligada ao coração à metadinha mais forte que eu já senti? 

Depois, eu me lembrei do dia em que eu ouvi o coração da Alice pela primeira vez, ainda dentro do meu ventre, com poucas semanas de gestação, logo depois de eu passar mal, a ponto de ser socorrida pelo Samu. E eu chorava, não por dor, muito menos por medo, mas uma mistura louca de alívio e muita felicidade por saber que ela tinha o ventrículo esquerdo. Uma emoção indescritível, que nem a minha mãe, que estava comigo naquele dia, conseguia entender! Lágrimas não significam só tristezas. Aliás, para mim é mais comum escorrerem por felicidade do que por dor. Afinal, eu aprendi a ser forte na marra! Eu nem queria, mas o meu destino foi esse. 

E enquanto a minha pequena se recuperava do cansaço, impressionada pelo pulsar forte de seu peito, uma coisa me deixou surpresa: eu não chorei (quem me conhece bem sabe como isso é impossível)! Fiquei plena, só observando a pureza dela. Se eu tivesse refletido tudo isso na hora, certamente eu estaria aos prantos, como estou agora, enquanto escrevo e ela aqui no meu pé, confusa: mamãe, por que você está chorando?